domingo, 19 de dezembro de 2010

O teatro onde tudo começou

O berço da dramaturgia clássica será restaurado na Grécia. As ruínas do Teatro de Dionísio, na Acrópole de Atenas, onde há mais de 2.500 anos foram apresentadas as primeiras tragédias de Eurípedes, Ésquilo e Sófocles, receberão investimentos para recuperar parcialmente suas instalações.


A obra de renovação, orçada em 6 milhões de euros (cerca de R$ 15 milhões), deve durar seis anos. Segundo as autoridades gregas, o teatro estará pronto em 2015, com parte dos assentos reconstruída a partir de uma combinação de pedra original com materiais modernos. Não há, porém, intenção de encenar espetáculos no local - os últimos foram apresentados na década de 1970.


Utilizado pela primeira vez no século seis antes de cristo (VI a.C), o teatro consistia em um terraço de onde os espectadores avistavam um palco circular. Aí era realizada uma competição de peças, durante o festival anual dedicado a Dionísio, deus do vinho. Em quatro antes de cristo (IV a.C), dois séculos depois, o espaço foi remodelado e ampliado para receber até 15 mil pessoas.


por Graziella Beting
fonte : História ViVA ano VI nº 76


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Depoimento de uma espectadora.


Minha sensação ao assistir "As MedÉias da Periferia" (clique aqui para saber sobre a peça) foi a de vivenciar ali um momento vivo de transformação. Digo isso porque acompanho o trabalho do Dani Ciasca e vi essa história nascer. A transformação não está só nele como educador, envolvido, dedicado, mas naquele espaço, naqueles jovens e naquela comunidade.



Cheguei a Vila Albertina por volta de 9h da noite e perdida, perguntei a uma senhora, sentada na calçada: “A senhora sabe onde fica o número, 617? “ Ela me respondeu: O que você está procurando? Eu disse a ela, “ O Teatro de um gru...” Nem terminei de falar e ela me disse: é ali, naquela porta preta.

Esse é o primeiro sinal de mudança diante do desafio de levar aos territórios mais populares a arte do teatro, tornar-se conhecido e ser reconhecido pela comunidade que se quer transformar.

Ao assistir a peça, fui surpreendida por um misto de interpretação e música. Interpretações fortes, com muito sentimento, sem sentimentalismo, e com muita força na tradução de histórias vividas por aqueles personagens da vida real. Fui convidada pelos olhares, pelas palavras, pelas músicas, a rir, a chorar, a me surpreender, a me emocionar. Teatro vivo, vivíssimo!!! A arte de interpretar ali, naquele galpão, onde os carros passam na rua com seu funk em volume máximo, mas nada, absolutamente nada tira a atenção daquele palco.

Entrei agora no blog desse grupo e encontrei um texto do Vinicius, jovem que eu e o Dani vimos ainda menino começando a se interessar por comunicação. A sensação que tenho unindo as duas histórias é que trabalhar com essas pessoas é um caminho embasado no verbo compartilhar. E a transformação vem para eles e vem pra gente também! Que venham muitos momentos que possamos compartilhar, que venham muitas emoções para a Vila Albertina, trazidas pelas palavras e pelos olhares da Cia Daraus.
 
Fernanda Nobre é jornalista e coordenadora de comunicação da Fundação Tide Setúbal

Crítica de um outro morador sobre "As MedÉias da Periferia"

"Carta à jovens poetas"



por Vinicius Gonçalves

Acabei por adaptar o título do livro "Cartas à um Jovem Poeta" do poeta Rainer Maria Rilke, para sintetizar as sensações do Espetáculo "As Medéias da Periferia" (clique aqui para saber mais sobre a peça) , lindamente adaptada do original "Medéia", do grego Eurípedes, pela Cia Daraus Teatro, localizada no bairro Vila Albertina, periferia da zona norte de São Paulo.


Uma mistura profunda e intensa de música, cultura popular, e diversos outros componentes que enriquecem uma história, mas o que mais sobressai a peça adaptada pelos jovens é a verdade. Todo segmento artístico busca em essência traduzir sentimentos, situações que tenham algum recorte diferente e/ou peculiar da vida real ainda não percebido, e é justamente neste quesito que a peça ganha vida e essência, pois seleciona fragmentos da música (o espetáculo é regado de belas músicas de Chico Buarque como "A Gota D'Água", "Noite dos Mascarados", entre outras), elementos da cultura afro-brasileira, mas principalmente, consegue traduzir realidade para destilar o antagonismo de amor e ódio vivido pela protagonista Medéia, num contexto periférico.


Tomarei parte das palavras de Rilke no livro mencionado no início deste texto para tentar dar voz às coisas que eu como espectador, senti: "Aqui, onde há uma região poderosa em torno de mim, sobre a qual avançam os ventos vindos do mar, aqui sinto que nunca um homem poderá dar uma resposta às perguntas e aos sentimentos que têm vida no fundo do seu ser. Pois mesmo os melhores erram nas palavras quando elas devem significar o que há de mais leve e quase indizível." Em suma, foi difícil transmitir um olhar devido à peculiaridade de quem acompanha de perto o desenvolver deste trabalho.


Parabéns ao grupo, e que os frutos de Medéia façam da Vila Albertina um palco aberto aos seus moradores.


Vinicius Gonçalves é estudante de jornalismo, nasceu e sempre morou na Vila Albertina.


aproveite e clique aqui para ler a crítica do morador Carlos Ronchi à mesma peça
Clique aqui e leia o depoimento da jornalista Fernanda Nobre sobre a peça "As MedÉias da Periferia".