terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Depoimento de uma espectadora.


Minha sensação ao assistir "As MedÉias da Periferia" (clique aqui para saber sobre a peça) foi a de vivenciar ali um momento vivo de transformação. Digo isso porque acompanho o trabalho do Dani Ciasca e vi essa história nascer. A transformação não está só nele como educador, envolvido, dedicado, mas naquele espaço, naqueles jovens e naquela comunidade.



Cheguei a Vila Albertina por volta de 9h da noite e perdida, perguntei a uma senhora, sentada na calçada: “A senhora sabe onde fica o número, 617? “ Ela me respondeu: O que você está procurando? Eu disse a ela, “ O Teatro de um gru...” Nem terminei de falar e ela me disse: é ali, naquela porta preta.

Esse é o primeiro sinal de mudança diante do desafio de levar aos territórios mais populares a arte do teatro, tornar-se conhecido e ser reconhecido pela comunidade que se quer transformar.

Ao assistir a peça, fui surpreendida por um misto de interpretação e música. Interpretações fortes, com muito sentimento, sem sentimentalismo, e com muita força na tradução de histórias vividas por aqueles personagens da vida real. Fui convidada pelos olhares, pelas palavras, pelas músicas, a rir, a chorar, a me surpreender, a me emocionar. Teatro vivo, vivíssimo!!! A arte de interpretar ali, naquele galpão, onde os carros passam na rua com seu funk em volume máximo, mas nada, absolutamente nada tira a atenção daquele palco.

Entrei agora no blog desse grupo e encontrei um texto do Vinicius, jovem que eu e o Dani vimos ainda menino começando a se interessar por comunicação. A sensação que tenho unindo as duas histórias é que trabalhar com essas pessoas é um caminho embasado no verbo compartilhar. E a transformação vem para eles e vem pra gente também! Que venham muitos momentos que possamos compartilhar, que venham muitas emoções para a Vila Albertina, trazidas pelas palavras e pelos olhares da Cia Daraus.
 
Fernanda Nobre é jornalista e coordenadora de comunicação da Fundação Tide Setúbal

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