Serão somente 04 sextas-feiras no mês de fevereiro de 2011 onde quem não viu finalmente poderá ver e quem já viu poderá revê-la para melhor compreendê-la.
A peça é uma livre adaptação da tragédia grega Medéia, de Eurípedes. Como declarou o espectador Vinicius Gonçalves: "Todo segmento artístico busca em essência traduzir sentimentos, situações que tenham algum recorte diferente e/ou peculiar da vida real ainda não percebido, e é justamente neste quesito que a peça ganha vida e essência, pois seleciona fragmentos da música (o espetáculo é regado de belas músicas de Chico Buarque como "A Gota D'Água", "Noite dos Mascarados", entre outras), elementos da cultura afro-brasileira, mas principalmente, consegue traduzir realidade para destilar o antagonismo de amor e ódio vivido pela protagonista Medéia, num contexto periférico."
Clique na imagem para ampliá-la
O resultado disso é a boa aceitação do publico. Além de excelentes comentários, as pessoas que avaliaram a apresentação em nosso blog foram amplamente generosas, assim como já tinha acontecido com o espetáculo anterior: A mandrágora.
"Hoje posso dizer com toda certeza que vocês são jovens profissionais, pois já fui em várias peças de teatro com profissionais renomados e, pra mim, estão no mesmo patamar. " relata Claudia Francisco. Ou ainda quando a atriz e professora de teatro Gabriela Sabina diz: " Me emocionei, chorei e me arrepiei durante todo espetaculo. Deixo registrado que poucos espetáculos "profissionais", ou assim ditos, me tocaram de maneira tão profunda!" Quando o público sente isso a arte fala por si, sem precisar de explicações.
Mas se não bastasse tamanho reconhecimento para motivá-los a vir nos assistir ainda temos o caráter social da Cia Daraus. Aqui o trabalho é realizado com jovens moradores da periferia que tiveram a oportunidade de se expressar e entender o mundo onde vivem por meio do teatro. Característica essa bem percebida quando 0 palhaço Gelatina, ou o artista Wilson Vasconcelos esteve presente em nossa sede: "Minha reverência, respeito e admiração pela Cia. Daraus pela montagem emocionante, tão composta de talento e capacidade técnica de seus jovens integrantes quanto de verdade social, de resistência, de sorrisos e brilho nos olhos. "
Por tudo isso é que resolvemos voltar. São poucas apresentações, mas suficientes para que você seja nossa convidada e nosso convidado. Quem sabe você não é o primeiro ou a primeira a não gostar? Não importa. O que importa é que na periferia também se faz arte.
Venha!
Serviço:
As MedÉias da Periferia
com a Cia Daraus Teatro
Local: rua Bernardo Fonseca Lobo, 617 (clique aqui e veja como chegar)
Você escolhe quanto quer pagar (mínimo R$2,50).
Sexta-feira - 21h - somente em fevereiro
25 lugares - compre ingressos antecipados
Sinopse:
Medéia, a mãe, é abandonada por seu marido José, ex-jogador de futebol e viciado em drogas que resolve se casar com Glaucia, a filha do principal traficante do morro, Mencão.
A tragédia individual da protagonista torna-se coletiva e resulta de uma situação social onde sobreviver é a ordem. Neste contexto de fome e miséria, que vontades tem essa mulher de sobreviver uma vez que perde junto com o marido o único momento em que a realidade é esquecida, o leito conjugal?
Diante da dificuldade de viver a tragédia social cotidiana sem o marido, Medéia deixa-se agir pelo ciúmes e resolve vingar o seu sofrimento individual na favela onde vive.
E é este local, desmembrado em outros personagens que traz o coro grego presente também nesta releitura. O tempo todo o espetáculo dialoga com a estrutura clássica, sem deixar de trazê-la para a atualidade.
clique aqui e leia a crítica feita por um morador da Vila.
ou clique aqui para ler a crítica (a 2ª) feita por outro morador.
Clique aqui e leia o depoimento da jornalista Fernanda Nobre.
O grupo
Após 10 anos de trabalho com jovens universitários, a Cia Daraus fixa sede na periferia de São Paulo, Zona Norte.
Retratar, a partir de textos da dramaturgia universal, a realidade vivida pelos moradores das favelas de SP é o principal objetivo da nova Cia Daraus que em 2009 monta uma releitura do clássico A mandrágora de Maquiavel e em 2010 uma nova releitura de Medéia, de Euripedes.
*O Cena Norte é um movimento formado por artistas da zona norte de São Paulo em parceria com SESC Santana e outras organizações, que objetiva construir, coletivamente, ações que contribuam para estimular, democratizar e viabilizar, atividades artisticas e educativas ligadas as artes cênicas produzidas nessa região da cidade..
Um comentário:
Nunca fui fã de adaptações de textos teatrais, mas Daniel Ciasca o faz com tanta genialidade que fica impossível resistir!
Foi o que pude comprovar com "A Mandrágora" e agora com "Medéia", a adaptação ficou fantástica, a trilha musical é irretocável e o elenco está cada vez mais afiado.
Por vários momentos me emocionei, sai do teatro realmente tocada pela profundidade do texto e pela beleza da montagem.
Parabéns ao grupo, parabéns ao Daniel não só pelo trabalho artístico, mas como também pelo trabalho social que ele exerce nessa comunidade com tanta excelência.
Abraço à todos, Érica Maria
Postar um comentário