A cabeça - 2004
Guy Debord, francês, autor de A sociedade do espetáculo, é o ponto de partida para a construção do espetáculo, A cabeça.
No livro, o autor francês defende a tese da busca incessante e crescente pelo espetáculo, pela glamourização do que quer que seja, desde que seja assunto, desde que se valorize a fama de algo por si só.
Nesse contexto, torna-se plausível a figura da rubrica, em A cabeça. Ela, que deveria existir apenas no texto e estar imperceptível ao espectador torna-se o centro, O espetáculo.
E ela, a rubrica, tenta conduzir o espectador com o seu olhar. Não importa o drama do autor ou da personagem, mas o que a rubrica quer.
E essa fama dos pequenos, dos que deveriam ser anônimos é o que explica a rapidez como tudo ocorre e a curta duração do espetáculo.
Num primeiro momento é esquisito assisti-lo. O espectador sai da sala sentindo-se enganado, ludibriado por algo confuso, que ele não compreende. Mas o que é essa fama, senão a efemeridade, o engodo, a enganação de que algo é realmente importante?
Márcia Abujamra e Alcides Nogueira acertam em cheio. Tudo é justificável. A escolha do tema, a projeção, o cenário, os figurinos e por fim, e o mais importante, a escolha dos atores. Todos perfeitos para seus papéis. Débora Duboc sabe ser debochada e parecer vítima, sabe criar no espectador o distanciamento necessário para a sempre lembrança do jogo teatral e ao mesmo tempo, compreender a existência da personagem. Elias Andreato e Eucir Nogueira são perfeitos no papel de vítimas que não se sabem vítimas.
Para quem gosta de teatro e é atento e observador, A Cabeça não pode deixar de ser vista.
sábado, 22 de maio de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário